A violência doméstica é uma relação abusiva e desigual abrangendo não só as mulheres, mas também os homens, idosos e crianças. É um problema que atinge qualquer grupo, classe social, idade, raça, capacidade física ou mental, sexualidade ou estilo de vida.
A discussão sobre esta violência torna-se cada vez mais relevante, já que em muitos casos a vítima fica impedida de ter um bom desenvolvimento físico e mental. Além das marcas físicas, a agressão doméstica costuma causar também sérios danos emocionais, pois é na infância que são moldadas grande parte das características afetivas e de personalidade que a criança carregará para a vida adulta.
Este tipo de violência raramente acontece uma vez só. Com o passar do tempo, o abuso físico e sexual tem tendência a aumentar em frequência e severidade. A violência é considerada um dos fatores que mais estimula crianças e adolescentes a viver nas ruas.
Segundo o Ministério da Saúde, as agressões constituem a principal causa de morte de jovens entre 5 e 19 anos. Já a violência doméstica contra a mulher é ocasionada 70,19% das vezes pelo companheiro ou o cônjuge da vítima. Acrescentando os demais vínculos afetivos (ex-marido , namorado e ex-namorado), esse dado sobe para 89,17%. No Brasil, uma mulher é agredida a cada cinco minutos e, quase sempre, o crime acontece dentro da própria residência do casal.
A Lei Maria da Penha estipula cinco tipos de violência doméstica: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. De todos esses tipos, a física é a mais comum, podendo se definir como o uso da força com o objetivo de ferir, deixando ou não marcas evidentes. Quando a vítima é criança, além da agressão ativa e física, também é considerado violência os atos de omissão praticados pelos pais ou responsáveis. A atitude de agredir, covardemente prevalecida da maior força física dos pais, pode resultar em severos traumatismos.
Já a violência psicológica é tão ou mais prejudicial que a física. É caracterizada por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes para toda a vida.
Há também a violência sexual, que é aquela que força a mulher presenciar, manter ou participar de relação sexual indesejada. Impedir o uso de método contraceptivo ou forçá-la à gravidez, aborto ou prostituição mediante força ou ameaça, também se enquadram neste tipo. Além dessas, existe também a violência patrimonial, acontece quando o agressor destrói bens, documentos pessoais e instrumentos de trabalho e a moral, que ocorre quando há calúnia, difamação ou injúria contra a mulher.
Grande parte das vítimas não denuncia nenhuma dessas violências, pois alguns abusadores oferecem recompensas para tentarem convencer a parceira de que o abuso não voltará a acontecer. Também é comum os atacantes fazerem ameaças dizendo que se as companheiras abandonarem a relação ou falarem com alguém sobre o ocorrido, os filhos serão levados pelos serviços sociais.
Entretanto, na maioria das vezes, a vítima acaba chegando até a Delegacia de Defesa da Mulher de tanto sofrer agressões, onde é feito o corpo de delito e constatada a agressão. Mas, quando o processo é aberto e as vítimas chegam ao juiz, elas mudam seus depoimentos e arquivam o processo.
A dependência emocional, mais que a econômica, é que faz a mulher suportar agressões. Não é fácil para ela aceitar que a pessoa amada possa comportar-se tão agressivamente. As vítimas dificilmente compreendem o comportamento hostil do parceiro e, por isso, colocam em si mesmo a culpa. A ideia de abandonar a relação agressiva pode ser tão assustadora quanto a ideia de ficar. Os obstáculos pessoais e impostos pelos agressores se transformam em barreiras difíceis de quebrar, mas a pessoa violentada precisa saber da importância que um ato de coragem tem de mudar sua vida.
Portanto, a melhor forma de sair desta situação é dizer a alguém o que está acontecendo. Para algumas vítimas, a decisão de procurar ajuda é rápida e relativamente fácil de tomar, mas para outras, o processo é longo e doloroso, pois tentam sempre fazer que a violência cesse e tudo fique bem.
Antonia Braz
Palestrante, Educadora, Especialista em Gestão de Pessoas, Psicopedagoga e Pedagoga