A maior tragédia do Rio Grande do Sul/BR aconteceu na madrugada do dia 27 de janeiro, quando um incêndio tomou conta da boate Kiss, localizada no centro de Santa Maria (RS). O fogo teria começado na espuma de isolamento acústico da boate após um integrante da banda que tocava naquela noite manipular um sinalizador. Faíscas atingiram o teto e iniciaram-se as chamas. O guitarrista da banda afirmou que o extintor de incêndio não funcionou. De acordo com sobreviventes, o público (que era na maioria jovens estudantes) foi impedido pelos seguranças de saírem sem pagar a conta. Ao todo, foram 234 pessoas que morreram nesta fatalidade.
Com esse acontecimento, grande parte das cidades brasileiras se mobilizou pelo ocorrido, providenciando fiscalizações emergenciais, tentando garantir que o mesmo não acontecesse em outros lugares. Mas, após tanta discussão em cima deste assunto, a questão que fica é: apenas casas noturnas precisam deste tipo de atenção? Estariam as escolas, hospitais, restaurantes, e até nossas residências, imunes deste tipo de tragédia?
A verdade é que, além de todos estarem acessíveis a este tipo de caos, há uma imensa necessidade de reeducar as pessoas sobre como proceder nestas situações. A falta de orientação da população brasileira sobre como agir em casos de tragédias tanto artificiais, quanto naturais, acarreta em mortes injustas e dolorosas.
Nos Estados Unidos, Japão e em outros lugares do mundo onde as catástrofes da natureza ocorrem com mais facilidade, as crianças são educadas desde cedo que terremotos, furacões ou tsunamis são coisas que podem acontecer a qualquer momento. Para isso, faz parte da cultura deles que os pais já passem aos seus filhos como se precaver e quais medidas de segurança devem ser tomadas. Ou seja, os pequenos crescem conscientes de que o mundo tem seus perigos e problemas e que é necessário manter a calma na hora da emergência.
Com o ocorrido de Santa Maria, a mídia procura esclarecer à população quem seriam os culpados. Julgam-se os donos da boate, a estrutura da casa noturna, a banda, o poder público que não fiscalizou e também os funcionários do local que não souberam como proceder e pioraram a situação. Porém, é importante saber que essa resposta somente servirá de consolo às famílias das vítimas e não trará os que foram de volta.
Estes jovens que perderam suas vidas foram impedidos de realizar seus sonhos e essas famílias jamais serão completas novamente. Portanto, é importante que seja tirada uma lição para que não tenha sido em vão o acidente: é preciso educar e preparar as crianças desde os primeiros anos de vida para quaisquer tipo de catástrofe, seja ela de origem natural ou artificial.
Uma sugestão de como incluir este tipo de educação na infância é que as escolas incluam em suas grades, aulas de “Procedimentos de Risco”, preparando-os desde cedo em como agir no caso de incêndios e afogamentos, por exemplo. É também necessário que funcionários que trabalham em locais fechados com um número considerável de pessoas passem por treinamentos e saibam utilizar extintores, sinalização de emergência, equipamentos de prevenção e combate ao incêndio.
Ao final de tudo percebemos que, de uma forma triste, Santa Maria nos ensinou muito: devemos aprender e educar a todos, independente da idade, sexo ou classe social, como agir em casos de fatalidades como essa, tornando mais segura à vida dos brasileiros.
Antonia Braz
Palestrante, Educadora, Especialista em Gestão de Pessoas, Psicopedagoga e Pedagoga