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A Geração Esquecida: O Custo Emocional de Sustentar Duas Pontas da Vida

Por Antonia Braz

Introdução

No cenário contemporâneo das relações de trabalho, muito se fala sobre bem-estar corporativo. Programas de mindfulness, incentivos à atividade física, frutas no café da manhã e apps com lembretes para respirar são vendidos como diferenciais de empresas preocupadas com o cuidado humano. No entanto, o que acontece fora do expediente, onde a verdadeira carga emocional e física é sustentada por muitos colaboradores, continua fora do radar.

Neste contexto, emerge a chamada Geração Sanduíche — um grupo composto, em sua maioria, por adultos entre 40 e 60 anos, que vive simultaneamente as demandas de cuidar dos filhos e dos pais idosos, ao mesmo tempo em que lida com as exigências da vida profissional. Esse grupo, frequentemente formado por mulheres, representa a engrenagem silenciosa que mantém a estrutura familiar e profissional em funcionamento, enquanto acumula responsabilidades que não são enxergadas nem contabilizadas.

Quem são os adultos da Geração Sanduíche?

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil conta atualmente com cerca de 55,2 milhões de pessoas entre 40 e 60 anos (IBGE, 2023). São indivíduos que vivem uma sobreposição de papéis: profissionais ativos, pais de jovens em fase de dependência e filhos de idosos cada vez mais frágeis.

O termo “Geração Sanduíche” foi cunhado pela norte-americana Dorothy Miller em 1981 para descrever pessoas (sobretudo mulheres) que cuidam de seus filhos e pais simultaneamente. Desde então, o conceito evoluiu e se tornou objeto de estudo da sociologia, psicologia e da gestão de pessoas no trabalho (MILLER, 1981; PEW RESEARCH CENTER, 2013).

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