A criança faz chantagem quando não gosta da comida ou quer o doce antes da refeição. O adolescente só se dirige de maneira educada aos pais quando tem algum interesse. Os brinquedos nunca são guardados após a criança brincar, “obrigando” a mãe a deixar tudo em ordem. Pensando em tudo isso, como é a reação entre pais e filhos e em que parâmetro está o limite do seu filho dentro de casa?
A relação entre pais e filhos não é mais como antigamente. Especialistas afirmam que os pais dos anos 50 e 60 não tinham diálogo com os filhos e eram, principalmente, autoritários. Após essa geração, eles se transformaram e passaram a acreditar que sendo amigos teriam uma relação melhor com os filhos e, com isso, raras vezes diziam não, tornando-se permissivos. Isso resultou no modelo atual de famílias, onde em crianças e adolescentes abusam da falta de autoridade dos pais, que muitas vezes perdem o controle da situação.
Os valores e conceitos, que antes eram considerados sólidos e intransponíveis, hoje são relativos e sujeitos a visão de cada um. Por exemplo, os pais que receberam uma educação bastante severa e muito regrada na infância desejam dar uma liberdade maior aos filhos, impor menos limites, e assim sentir-se realizados, já que eles poderão ver seus desejos e vontades reprimidas se concretizarem ao permitir que seus filhos vivam tudo o que lhes foi restringido.
Existem também os pais que se sentem culpados por trabalharem muito, sem tempo suficiente para dedicar-se a família, e por isso tentam suprir essa ausência física com a palavra “sim” sempre que os pequenos pedem alguma coisa. Há ainda aqueles que se divorciaram e tem que cumprir guarda compartilhada, não respeitando os limites que ambas as casas impõem, causando sérios conflitos psicológicos nos filhos que não entendem a situação.
Outro fator importante e que influência na falta de limites das crianças e adolescentes é insegurança dos próprios pais, principalmente daqueles que tiveram filhos muito cedo e tem dificuldade em impor sua autoridade.
Segundo médicos psiquiatras, não adianta “ser autoritário”, mas sim “ter autoridade”, o que muitos pais acabam não exercendo, já que demanda muito esforço. Para eles, é mais fácil simplesmente deixar fluir.
É válido lembrar que “deixar tudo fluir” significa não punir corretamente a criança quando ela está errada e “punição” não é o mesmo que violência física. Muitas vezes sentar, conversar, fazê-los entender que aquilo não é correto e deixa-los sem usar o brinquedo favorito ou não permitir que o adolescente vá a determinada festa, funciona muito mais do que boas palmadas.
Disciplinar os filhos realmente não é uma tarefa fácil, porém é possível. É importante lembrar que os limites são importantes na vida da criança, pois estes funcionam como parâmetros que no futuro garantirão a relação deles em diversas situações sociais, sejam na família, entre amigos ou no trabalho evitando futuras frustrações por não respeitar regras, não se encaixarem na sociedade, se sentirem excluídos e com baixa autoestima.
Deste modo, o limite em dose certa é importante e ajuda no desenvolvimento sócio e intelectual dos futuros adultos. Se existe dificuldade em impor autoridade na medida certa, entre os pais perante aos filhos, o ideal é procurar ajuda profissional de psicólogos ou compartilhar com amigos que estão na mesma situação ou que conseguiram superar esse obstáculo dentro de casa.